sexta-feira, outubro 20, 2017

"A gente sempre se identificou com esse tipo de energia"




Por Alexandre Barreto*



Era noite de agosto de 2013 e lá estava eu assistindo Falcão, vocalista da banda O Rappa, falar esta frase em meio ao depoimento que deu sobre a relação da banda com as ações culturais do AfroReggae. Foi mais um importante trabalho de produção executiva dentro de uma nova forma de se trabalhar nos setores criativos. E que nova forma de se trabalhar é essa? Estímulo à interação entre artistas e o público utilizando as tecnologias digitais.

O Rappa estava para prestes a lançar o single "Auto-Reverse" e a pré-venda do álbum "Nunca tem fim...". Dentro das atividades de divulgação, planejaram um programa interativo: um encontro da banda com amigos que fizeram parte da trajetória da banda, numa viagem do tempo através das músicas que marcaram sua história, aberto ao público.





Falcão falando sobre a história do Rappa durante o hangout




O encontro rolou na Toca do Bandido, estúdio criado pelo produtor Tom Capone, que trabalhou com O Rappa em diversos projetos e foi transmitido ao vivo pelo canal d’O Rappa no YouTube (http://youtube.com/oficialorappa) e na página da banda no Google+ (http://bit.ly/1ck3X8O).




Eu no canto inferior esquerdo configurando recursos de áudio/vídeo para
participação de Guti Fraga no hangout





Durante a transmissão, rolou um hangout, um bate-papo mediado pelo apresentador Edgar Picolli, entre Falcão, Lobato, Xandão, Lauro, Negralha e convidados. Participaram Sérgio Affonso, presidente da Warner Music Brasil, Speto, artista plástico que trabalhou com a banda, Constança Scofield, viúva de Tom Capone e Guti Fraga, idealizador e fundador do Grupo Nós do Morro. O meu trabalho foi fazer a produção executiva da participação do Guti no programa. Na época eu era gerente de administração e projetos do grupo.






O clipe "A Minha Alma" foi filmado em 1999 na comunidade do Vidigal,
com atores do Grupo Nós do Morro





Talvez você possa pensar que a participação em um hangout se resuma em fazer um login e começar a falar. Mas a participação em um hangout tem muito mais detalhes do que você possa imaginar. Para entender, veja meu texto "Estratégia de comunicação criativa: O Rappa participa de bate-papo com convidados relembrando sua história com transmissão ao vivo pelo Google + e Youtube.




  Guti Fraga e o seu filho Ramon Francisco participando do hangout




Dois momentos foram muito marcantes. Um foi o depoimento do Falcão, falando do trabalho social desenvolvido com José Júnior no AfroReggae, momento em que ele declarou: "a gente sempre se identificou com esse tipo de energia". O segundo momento foi a participação do mestre Guti Fraga, que falou da relação do Grupo Nós do Morro com o Rappa. Muita gente não sabe, mas o clipe "A minha alma (A paz que eu não quero)", gravado em 1999 na comunidade do Vidigal, com atores do Grupo Nós do Morro, foi o grande vencedor do Vídeo Music Brasil 2000: Melhor Clipe de Rock, Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Edição e Melhor Clipe do Ano, segundo júri técnico e também segundo a audiência da MTV Brasil. Guti apresentou Ramon Francisco, seu filho, que na época do clipe tinha apenas 4 anos. Era o "gigante" do clipe. Hoje Ramon é ator e já participou de trabalhos na TV Globo em Malhação.



Além de lembrar da importância do Rappa na vida deste jovem (a produção do clipe reformou sua casa), Guti deu um depoimento surpreendente. Ao falar sobre sua atuação em 2004 no clipe O Salto, afirmou: "foi o trabalho mais importante da minha vida como ator". Apesar de Guti não ter mencionado, o Nós do Morro ainda tem outro momento importante com O Rappa. Seu Núcleo de Produção Audiovisual produziu o clipe de Monstro Invisível em 2008, que tem os atores Marcello Melo Jr., Jonathan Azevedo e Marcos Junqueira. Monstro Invisível faz parte do álbum "7 Vezes", o quinto de músicas inéditas da banda.


Nesse dia, muito mais do que aprender os importantes detalhes que envolvem a produção executiva de um hangout, aprendi muito sobre valores, trajetória, fé e sobre acreditar em si. Não basta apenas ter aparência e boa comunicação. Uma carreira artística e criativa sempre vai se destacar pela consistência, pela construção, pelas realizações, pela sua trajetória ao longo do tempo.



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* Alexandre Barreto é administrador pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EAD/UFRGS) e MBA em Gestão Cultural pela Universidade Cândido Mendes (RJ) . Empreendedor que dissemina conhecimentos e atua em redes para promover mudanças. Escreveu os livros Aprenda a Organizar um Show e Carreira Artística e Criativa
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